quinta, 25 de abril de 2024
Pesquisa
05/07/2021

Crianças que consomem alimentos ultraprocessados se tornam adultos mais obesos

 Há algum tempo, a comunidade científica alerta a população sobre os riscos à saúde associados ao consumo de refrigerantes, biscoitos, balas e todo e qualquer produto alimentício baseado quase que unicamente em ingredientes industriais, os chamados ‘ultraprocessados’. Pela primeira vez, um estudo desenvolvido por pesquisadores do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da USP, em parceria com o Imperial College London, no Reino Unido, avaliou o consumo de ultraprocessados a longo prazo, da infância até o início da vida adulta, e seu efeito nos indicadores de obesidade.

9.025 crianças britânicas de 7 anos foram estudadas até completarem 24 anos de idade. Os resultados mostraram que os indivíduos que consumiam mais ultra- processados na infância tinham piores padrões de obesidade. A pesquisa inédita aponta que, quanto maior a participação dos ultraprocessados na dieta de crianças, maior e pior é o ganho de peso, e denuncia o papel definitivo desses produtos na infância para a formação de preferências e hábitos alimentares.

A pesquisa teve o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O grupo de 9.025 crianças nascidas na década de 1990, da cidade de Bristol, na Inglaterra, passou a ser estudado em 1991. Elas foram avaliadas por medidas antropométricas, como índice de massa corporal (IMC), índice de massa gorda (IMG), peso e circunferência da cintura, coletadas dos 7 aos 24 anos de idade, no intervalo de três anos por avaliação.

Para analisar o consumo alimentar aos 7, 10 e 13 anos de idade, os participantes re- gistravam em diários tudo o que consumiam em um período de 24 horas durante três dias não consecutivos, incluindo alimentos e bebidas, quantidade consumida e local da refeição.

Os dados foram categorizados segundo a classificação NOVA, que descreve os alimentos, não mais pelo conteúdo de nutrientes, mas por quatro agrupamentos que avaliam o grau de processamento industrial.

No primeiro grupo estão os alimentos in natura ou minimamente processados, que incluem carne, leite, ovos, grãos e uma gama de alimentos de origem animal ou vegetal que, antes de chegar em nossas mesas, podem ter sido embalados, resfriados e/ou congelados, mas não sofreram adição de ingredientes, nem alterações significantes.

O segundo grupo é de ingredientes culinários, que são azeites, óleos, sal e outros produtos extraídos do grupo anterior para temperar e tornar os alimentos atrativos ao paladar. Já o grupo três abrange os alimentos processados, como conservas de legumes ou de pescado e frutas em caldas. A grande diferença está no quarto grupo, dos ultraprocessados, que caracterizam alimentos que, na realidade, nada ou quase nada têm de alimentos de verdade, como os sucos em pó – que nunca foram frutas.

Ao final da pesquisa, os participantes, agora no início da vida adulta aos 24 anos de idade, foram avaliados.

Os dados dividiam os 9 mil indivíduos em 5 grupos, de menor para maior consumo de ultraprocessados (em percentual do total de gramas de alimentos consumidos), e os resultados mostraram que os adultos que consumiam mais ultraprocessados na infância pesavam 4 Kg a mais, tinham níveis de Índice de Massa Corporal (IMC) e de percentual de gordura corporal superiores e três centímetros a mais de circunferência da cintura, comparado aos que consumiam menos alimentos ultraprocessados . 

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